Obra do Hospital Municipal de Belford Roxo recebe reajuste de mais de R$ 2,6 milhões e expõe irregularidades

Contrato sem licitação, prorrogação da entrega e novo pagamento milionário revelam contradições nas promessas do prefeito Márcio Canella.

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A cada semana, novas informações revelam como os gastos com a obra do Hospital Municipal de Belford Roxo são muito maiores do que o prometido inicialmente — e como o discurso do prefeito Márcio Canella nas redes sociais não condiz com a realidade dos documentos oficiais.

O Portal de Bel teve acesso aos três principais documentos que envolvem o contrato com a empresa Ágabo Comércio e Serviços LTDA, responsável pela obra. As informações revelam:

Foto: Reprodução

🧾 O contrato inicial: R$ 6,6 milhões, sem licitação

A contratação foi feita no dia 25 de abril de 2025, no valor de R$ 6.606.185,54, sem licitação, por meio de adesão à ATA da Prefeitura de Campos dos Goytacazes — uma prática conhecida como “carona”. Isso significa que Belford Roxo não fez um processo próprio de concorrência, o que impede a população de saber:

  • Qual empresa oferecia o menor valor;

  • Quais critérios foram utilizados;

  • Como foi definida a escolha da empresa.

Essa prática, apesar de legal quando feita corretamente, foge da transparência mínima que deveria existir em contratos desse porte, especialmente quando se trata de uma obra essencial como um hospital.

🏗️ A prorrogação: +240 dias de obra

No Diário Oficial de 07 de junho, foi publicado um aditivo prorrogando a entrega da obra por mais 240 dias. Ou seja, mesmo Canella afirmando que o hospital será entregue em breve, a entrega real só deve ocorrer em 2026, caso não haja nova prorrogação.

Isso contradiz o que o próprio prefeito tem anunciado em suas redes sociais, tentando vender uma imagem de agilidade na construção do hospital.

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💸 O reajuste: R$ 2.616.563,03 a mais

No Diário Oficial de 15 de julho, a prefeitura publicou um termo de apostilamento, autorizando o reajuste de mais de R$ 2,6 milhões ao valor original, com a justificativa de “reequilíbrio econômico-financeiro”. Esse termo, assinado no dia 27 de junho, é amparado pelo artigo 65, inciso II, alínea “d” da Lei 8.666/93.

Entretanto, o município sequer informou qual foi o fator real desse reequilíbrio: inflação, aumento de insumos, erro de cálculo no contrato inicial ou omissões? O que se vê é mais um gasto milionário sem explicação clara.

🚨 O que está errado ou merece atenção:

1. Contratação por ATA de outro município
→ Elimina a concorrência local e dificulta a fiscalização dos critérios usados.

2. Reajuste de valor em tempo recorde
→ Em menos de 3 meses do contrato, já foi necessário reajustar o valor em quase 40% do total original. Um aumento assim, em tão pouco tempo, é extremamente incomum e preocupante.

3. Falta de transparência nas publicações
→ Nenhuma justificativa técnica foi divulgada até agora pela prefeitura sobre o reajuste ou sobre os motivos da prorrogação da obra.

4. Obra sem previsão real de conclusão
→ Ao contrário do discurso político, os próprios documentos oficiais mostram que a entrega do hospital não será agora.

💬 A pergunta que não quer calar:

Com mais de R$ 9 milhões já empenhados, o hospital ainda vai demorar a ser entregue. A população quer saber: o que está sendo feito com esse dinheiro, e por que não há transparência?

O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar

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