Ministro do STF também determinou apreensão de celular do ex-presidente e proibiu visitas; decisão se baseia em uso indireto de redes sociais e tentativa de burlar medidas cautelares
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está agora em prisão domiciliar, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após violar medidas cautelares que lhe haviam sido impostas. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (4) e inclui também a apreensão de seu celular e a proibição de visitas, salvo por familiares próximos e advogados. A medida representa um novo capítulo na crise judicial enfrentada por Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado.
De acordo com a decisão de Moraes, Bolsonaro violou explicitamente as regras judiciais ao continuar influenciando o debate público por meio de redes sociais — mesmo sem postar diretamente de seus perfis. A postagem decisiva ocorreu no perfil do senador Flávio Bolsonaro, seu filho, durante atos em defesa do ex-presidente no último domingo.
Na ocasião, Flávio publicou um vídeo em que Jair Bolsonaro aparece, ao telefone, enviando uma mensagem de apoio aos manifestantes. A gravação foi apagada logo depois, mas já havia sido amplamente divulgada.
O ministro apontou que o ex-presidente “driblou” a proibição de se manifestar publicamente e manteve atuação ativa nas redes de aliados. Com isso, ficou caracterizado o descumprimento de medidas cautelares e a necessidade de adoção de medidas mais graves.
A partir da decisão, Bolsonaro:
Está em prisão domiciliar em sua casa, em Brasília;
Não pode receber visitas, exceto de parentes próximos e advogados;
Teve seu celular apreendido pela Polícia Federal;
Continua proibido de usar redes sociais próprias ou de terceiros;
Permanece impedido de contato com outros investigados.
Essas medidas substituem restrições anteriores, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair de casa em certos horários. Segundo Moraes, elas foram ignoradas “mesmo com a imposição de restrições menos severas anteriormente”.
A decisão ocorre em meio a um inquérito que investiga a atuação de Bolsonaro e seus filhos em possíveis ações para obstruir a Justiça. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta evidências de coação no processo, obstrução de investigação e ameaça à ordem constitucional.
Um ponto que agravou a situação foi a atuação do ex-presidente em conjunto com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar autoridades brasileiras com ajuda de sanções dos Estados Unidos. Bolsonaro admitiu ter enviado US$ 2 milhões ao filho para permanecer no país norte-americano. A investigação sugere que ambos buscaram constranger ministros do STF e da PGR, tentando interferir nos desdobramentos do processo judicial.
Além disso, declarações recentes do ex-presidente relacionando sua anistia judicial com o fim das tarifas impostas pelo governo Trump ao Brasil foram interpretadas como tentativa de chantagem institucional.
A decisão de Moraes se justifica sob a ótica da proteção institucional do Estado de Direito. O uso indireto das redes sociais, especialmente por figuras com mandato eletivo como seus filhos, evidencia uma tentativa deliberada de manter influência política mesmo com as restrições impostas.
A postura do STF é um alerta sobre os limites da liberdade de expressão e da atuação política frente à responsabilidade penal. O caso também reforça a tese da PGR de que há risco real de novos crimes, inclusive fuga ou obstrução, caso medidas severas não sejam aplicadas.
Todas as medidas impostas a Bolsonaro têm respaldo legal no Código de Processo Penal (CPP), em especial no artigo 319, que permite a adoção de medidas cautelares diversas da prisão, como:
Proibição de comunicação com investigados;
Proibição de ausentar-se de casa;
Proibição de usar redes sociais.
A conversão das medidas em prisão domiciliar também encontra amparo legal quando há descumprimento reiterado das cautelares, como foi apontado pelo STF.
A apreensão de celular, por sua vez, é comum em investigações criminais e visa a coleta de provas. Moraes também justificou que o uso do aparelho para continuar incentivando atos antidemocráticos poderia configurar crime continuado.
Portanto, as medidas são juridicamente embasadas e seguem princípios de proporcionalidade e necessidade diante dos riscos apontados pela investigação.
Com a prisão domiciliar, o ambiente político deve se acirrar ainda mais, com aliados de Bolsonaro alegando perseguição e a oposição reforçando a gravidade das ações do ex-presidente. Ao mesmo tempo, cresce a pressão sobre o Congresso Nacional para uma posição clara em relação aos atos que atentam contra o Estado Democrático de Direito.
É importante que a sociedade acompanhe de perto os desdobramentos e cobre transparência das instituições. A democracia exige vigilância e responsabilidade de todos os lados.
O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar
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