Prefeito diz que dragagem funcionou, mas choveu menos que nos anos anteriores. Será mesmo?

No dia 4 de abril, Belford Roxo registrou 155 milímetros de chuva. Foi menos do que nos anos anteriores, mas mesmo assim a cidade alagou.

Executivo falando sobre as chuvas em Belford Roxo. Foto: Reprodução

Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito Márcio Canella afirmou que as dragagens dos rios de Belford Roxo estão funcionando. A declaração foi feita no dia 4 de abril de 2025, após uma forte chuva atingir a cidade, com 155,6 mm de água acumulada em 24 horas. O problema é que, mesmo com esse volume menor que em anos anteriores, o município enfrentou diversos pontos de alagamento e o rio quase transbordou. Os dados mostram que, ao contrário do que o prefeito sugere, o sistema de drenagem continua falho.

Menos chuva, mais alagamento: algo não bate

Durante a última quinta-feira (04/04), Belford Roxo registrou 155,6 mm de chuva em 24 horas, o que levou a cidade a ser classificada com risco alto de deslizamentos pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro. A quantidade é significativa, mas inferior às chuvas dos últimos anos:

📊 Comparativo de volumes de chuva:

  • Abril de 2024: 228 mm (enchente histórica — 185% do volume esperado para o mês)

  • 2023: 215 mm

  • 2022: 200 mm

  • 04/04/2025: 155,6 mm em 24h

+NOTICIAS

Ou seja, em 2025 choveu 31,75% a menos do que no mesmo período do ano anterior. Apesar disso, a cidade voltou a registrar alagamentos graves. Se o volume de chuva foi menor, por que os problemas continuam iguais?

Av Atlântica sentido Santa Maria

A dragagem resolveu o quê, exatamente?

Se as obras de dragagem tivessem sido eficazes, os efeitos de uma chuva menor deveriam ser significativamente reduzidos. Mas não foi isso que aconteceu. O rio quase transbordou, várias ruas ficaram alagadas, e moradores relataram danos materiais. Não houve transparência por parte da Prefeitura sobre onde foram feitas as intervenções, nem divulgação de relatórios técnicos, cronogramas ou resultados mensuráveis.

A fala do prefeito tenta construir uma narrativa positiva, mas os dados e as imagens da cidade mostram o oposto. É um erro grave tentar transformar um cenário de risco e omissão em propaganda institucional.

Ponte da Mauá

Criar uma realidade paralela não é gestão pública

Tentar mascarar a realidade não resolve o problema. O correto seria adotar métodos preventivos eficazes e comunicação clara e honesta com a população. Afinal, sabemos que o período de chuvas ainda não terminou, e a população não pode mais viver com medo toda vez que o céu escurece.

E como sempre, nenhum vereador se manifesta. O Legislativo virou palanque de campanha, e a cidade segue entregue à própria sorte — com vídeos de marketing e sem plano real de ação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *