Prefeito Canella diz combater milícia, mas nomeia milicianos para cargos em Belford Roxo

Um dos PMs presos por atuar como miliciano era funcionário da Secretaria de Segurança de Belford Roxo

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Nesta terça-feira (1º), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou uma operação contra um grupo de policiais militares acusados de atuar como milicianos, cobrando comerciantes em Belford Roxo e outras cidades da Baixada por “serviços de segurança privada” durante o horário de expediente.

Dos 11 mandados de prisão expedidos, 8 já foram cumpridos. O que mais chama atenção? Um dos milicianos presos estava nomeado na Secretaria Municipal de Segurança Pública de Belford Roxo.

Policial é preso durante operação do MPRJ — Foto: Reprodução/TV Globo

Funcionário da Prefeitura atuava como miliciano

Segundo o MPRJ, os PMs montaram um esquema de cobrança de “mensalidades” para proteger — ou extorquir — comerciantes locais. Isso inclui postos de gasolina, mercados, farmácias, clínicas, feiras livres, universidades, festas populares e até um posto do Detran.

O grupo fazia segurança armada durante o expediente policial, descaracterizando totalmente a função pública. E um dos envolvidos estava na folha de pagamento da Prefeitura de Belford Roxo, nomeado na Secretaria de Segurança Pública.

Afinal, como alguém acusado de envolvimento com milícia foi nomeado pelo próprio governo que diz combater a milícia?

A encenação do combate à milícia

Márcio Canella costuma fazer declarações públicas dizendo que “miliciano não tem vez” em sua gestão. Mas os fatos apontam para outra direção. Além do caso revelado hoje, do funcionário miliciano preso, há pelo menos dois secretários condenados ou investigados por envolvimento com milícias que continuam em cargos de confiança.

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Fabinho Varandão e Eduardo Araújo: secretários investigados por milícia

Fabinho Varandão e Eduardo Araújo deixaram seus cargos na Prefeitura de Belford Roxo em 2023 e voltaram agora em 2024 — Foto: Reprodução TV Globo

Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão, é secretário de Esportes de Belford Roxo. Ele é réu por extorsão e porte ilegal de arma, acusado de liderar uma milícia que ameaçava moradores e explorava serviço clandestino de internet. Varandão chegou a ser preso em 2018 e teve sua candidatura a vereador indeferida por envolvimento com milícia.

Em decisão unânime de 2023, o TSE confirmou que Varandão possui fortes indícios de ligação com milícia armada, incluindo exploração econômica ilegal e domínio armado sobre bairros da cidade.

O outro caso é de Eduardo Araújo, atual secretário de Indústria e Comércio. Ele foi condenado a oito anos de prisão por integrar uma milícia envolvida em assassinatos e extorsões na Baixada Fluminense. Assim como Varandão, teve sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral por ligação com milícia.

Contradição ou conveniência política?

A pergunta que não quer calar é: como o governo que se diz contra a milícia emprega milicianos?
Por que essas pessoas, algumas já condenadas, continuam em cargos estratégicos da cidade?
E por que a população ainda não recebeu uma resposta oficial do prefeito sobre essas nomeações?

O caso do miliciano preso hoje só confirma o que muitos moradores já desconfiavam: há uma encenação pública de combate ao crime, enquanto nos bastidores os aliados são justamente os acusados de comandá-lo.

O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar

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