Alunos sem material, professores sem salário digno e escolas abandonadas. Mas a prioridade da Câmara de Belford Roxo é cantar o Hino Nacional.
Parece piada, mas infelizmente é a realidade de Belford Roxo em pleno 2025. Com o ano letivo praticamente no meio, a maioria dos alunos da rede municipal ainda não recebeu uniforme, material escolar ou livros didáticos. Em muitas escolas, faltam ventiladores, professores e até papel higiênico. E mesmo assim, a Câmara de Vereadores parece viver em um mundo paralelo.
Nesta terça, dia 27/05/25, o vereador Henrique Farofa apresentou e comemorou a aprovação de um projeto de lei para tornar obrigatória a execução do Hino Nacional nas escolas municipais. Isso mesmo: enquanto falta tudo, a prioridade virou cantar o hino.
Relatos de professores e responsáveis apontam uma situação alarmante:
Alunos sem material precisam emprestar cadernos e lápis dos professores;
Faltam ventiladores em salas superlotadas;
Em várias unidades, não há papel ofício nem papel higiênico;
Professores seguem recebendo abaixo do piso nacional;
Profissionais do magistério acumulam dívidas e desânimo diante da negligência da Prefeitura.
Apesar de todas essas dificuldades, a verba da educação chega regularmente ao município, como consta no Portal da Transparência do Governo Federal. O problema é o destino que a Prefeitura dá a esse dinheiro.
O vereador Henrique Farofa, ignorando a situação crítica da educação municipal, decidiu comemorar nas redes sociais a aprovação da “lei do Hino Nacional”. Como se isso resolvesse os problemas enfrentados por alunos e professores.
Não é que o Hino Nacional não tenha valor — ele tem. Mas não se canta patriotismo com salas sem ventilação, alunos desnutridos e professores desvalorizados.
“Material não precisa, mas o hino sim”, criticou um professor da rede, de forma irônica.
A função da Câmara Municipal é fiscalizar o Executivo e propor soluções reais para os problemas da cidade. No entanto, o que se vê é um comportamento oposto:
Nenhum vereador da base do governo se manifestou sobre a falta de material escolar;
Não há audiências públicas para debater a educação do município;
Professores denunciam perseguições e censura ao tentar expor a realidade nas escolas.
Henrique Farofa, que deveria usar sua posição para exigir soluções da Secretaria de Educação, escolheu um atalho populista e simbólico, que não resolve absolutamente nada.
Não é a primeira vez que o Portal de Bel denuncia a falta de repasses básicos para as escolas municipais. Em março deste ano, já havíamos informado que:
Professores estavam comprando papel higiênico e folha de ofício com o próprio dinheiro;
Não há repasse de verba direta às unidades escolares, apesar da previsão legal;
A Prefeitura, mesmo com verba garantida pelo Fundeb, não repassa recursos essenciais.
Essa prática, além de injusta, é ilegal, pois fere os princípios da administração pública e pode configurar desvio de finalidade no uso da verba da educação.
Belford Roxo precisa de escolas com estrutura, professores valorizados e alunos com dignidade. O patriotismo de verdade se faz com educação de qualidade, não com leis simbólicas que só servem para ganhar curtidas nas redes sociais.
A população precisa estar atenta: quem vota projeto inútil ignora os verdadeiros problemas. E quem se cala diante do descaso é cúmplice dele.
O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar
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