Contrato é para enxoval hospitalar, mas empresa não tem registro nesse setor
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A Prefeitura de Belford Roxo assinou um contrato no valor de R$ 3.568.320,00 (três milhões, quinhentos e sessenta e oito mil, trezentos e vinte reais) com a empresa AZ MULTISERV LTDA ME, para fornecimento de enxoval hospitalar e lavanderia.
O contrato foi publicado no Diário Oficial do dia 30 de maio de 2025 e tem duração de 12 meses. Até aí, tudo poderia estar dentro da normalidade — se não fosse por um detalhe gravíssimo: a empresa contratada não atua no setor de saúde.
Consultando o CNPJ da AZ MULTISERV LTDA ME, não encontramos nenhuma referência a atividades no ramo hospitalar. As atividades registradas incluem:
Impressão de materiais;
Obras de urbanização (ruas, calçadas);
Montagem de estruturas metálicas;
Terraplenagem e drenagem;
Limpeza de prédios.
Mas nenhuma delas está ligada a lavanderia hospitalar, locação de enxoval ou fornecimento de artigos médicos e têxteis, o que torna o contrato ainda mais suspeito.
O próprio Diário Oficial menciona que os valores detalhados estariam em um “anexo abaixo”, porém esse anexo não existe na publicação. Além disso, o contrato também não está disponível no Portal da Transparência, o que impede que a população veja:
O que será alugado exatamente;
Qual a quantidade dos itens;
Como o valor total foi calculado;
Quais hospitais ou unidades serão atendidas.
Essa falta de transparência fere diretamente os princípios da Administração Pública, como legalidade, publicidade e eficiência, previstos no artigo 37 da Constituição Federal.
O responsável por assinar o contrato foi o atual secretário municipal de Saúde, Eduardo Macedo Feital, ex-vereador de Duque de Caxias. O nome dele aparece como ordenante de despesas em outros contratos milionários, e agora é citado novamente neste processo, que chama atenção pela falta de critérios técnicos e pela ausência de transparência.
Essa é a pergunta que fica. Em uma cidade onde a saúde sofre com denúncias de falta de materiais, funcionários sem receber salários, UPAs abandonadas e profissionais trabalhando sem contrato, a Prefeitura fecha um contrato milionário com uma empresa sem histórico no setor de saúde.
É preciso explicar:
Como essa empresa venceu a licitação?
Por que ela foi considerada apta?
Onde está o contrato detalhado?
Quais critérios foram usados para a escolha?
A população de Belford Roxo, que sofre diariamente para ser atendida em unidades de saúde precarizadas, merece saber para onde está indo cada centavo do dinheiro público.
Se há R$ 3,5 milhões disponíveis para enxoval hospitalar, por que ainda falta lençol, fronha, toalha e uniforme nas unidades?
É aceitável contratar uma empresa fora do ramo por mais de R$ 3 milhões com dinheiro público?
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