Divergência entre Castro e Washington Reis expõe disputa política sobre tarifa única no transporte público do RJ.
O governo do Rio de Janeiro entrou em rota de colisão interna. O estopim da crise foi a proposta do secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), de implantar uma tarifa única de R$ 4,70 para todos os modais: metrô, trens, ônibus e barcas. O anúncio foi feito com entusiasmo nas redes sociais do secretário, que chegou a prometer a medida para esta semana.
Mas a reação do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, foi imediata e em sentido contrário. Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Executivo afirmou que a redução das tarifas ainda depende de estudos técnicos para garantir viabilidade financeira e segurança jurídica.
“O Governo do Estado confirma o interesse em reduzir a tarifa do metrô e dos trens. Mas aguarda a finalização dos estudos técnicos para que a medida tenha segurança financeira e jurídica”, diz a nota oficial.
Pouco após a nota do governo, Reis negou a ausência de estudos, afirmando que já entregou a minuta do decreto e todos os documentos técnicos diretamente ao governador Cláudio Castro (PL).
“O governo tem dinheiro. O governo não trabalha, ele arrecada impostos para serem devolvidos à população em melhorias. Meu foco é investir no transporte de alta capacidade e diminuir o desperdício”, declarou.
A fala do secretário, carregada de tom político, acende o alerta para disputas internas dentro do governo, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando. Reis é apontado como possível candidato da direita, com apoio do grupo político ligado à família Bolsonaro, enquanto Cláudio Castro já manifestou apoio ao presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil).
A tarifa atual dos transportes no Rio é alvo constante de críticas. Com valores elevados e serviços precários, a população vê pouco retorno dos altos impostos pagos.
Segundo o próprio Washington Reis, a redução da tarifa poderia atrair cerca de 500 mil novos usuários por dia para os modais sobre trilhos: de 650 mil para 900 mil no metrô, e de 358 mil para 600 mil nos trens. O custo da medida seria de R$ 300 milhões em 2025 e R$ 500 milhões em 2026, com recursos provenientes do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (FECP).
Mesmo diante de dados que apontam benefícios sociais e econômicos, o governo ainda não sinalizou apoio total ao projeto.
A divergência entre Castro e Reis pode revelar duas motivações principais:
Briga política interna pela sucessão estadual
Receio de atrito com empresas de transporte, a um ano das eleições
Seja qual for a motivação, quem paga a conta é o povo, que continua desembolsando valores abusivos por um transporte que não entrega conforto, qualidade ou segurança.
A situação exige transparência, responsabilidade política e foco no interesse público. O que está em jogo não é apenas uma tarifa, mas o direito à mobilidade urbana de milhões de trabalhadores.
O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar
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