Funcionários são advertidos por não aceitarem arcar com os próprios custos para registrar produção no sistema do governo federal
Matéria escrita por Caio Henrique
A perseguição e a precarização das condições de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de Belford Roxo ganharam mais um capítulo revoltante. Recebemos uma denúncia informando que os agentes estão sendo obrigados a se deslocarem até a sede da Secretaria Municipal de Saúde para lançar, no sistema federal, toda a produção das equipes. O problema? Nenhuma despesa é custeada pela prefeitura.
A denúncia que chegou até nossa equipe mostra que, um dos agentes se recusou a fazer o deslocamento para registrar a produção, pois teria que pagar do próprio bolso tanto a passagem quanto a alimentação. A resposta da prefeitura foi imediata: advertência formal e registro da recusa em ata. Isso mesmo. O trabalhador está sendo punido por não querer pagar para trabalhar.
Segundo os próprios servidores, a prática vem ocorrendo desde o início da nova gestão, que retirou o sistema de todas as regiões e centralizou exclusivamente na sede da Secretaria. O sistema, anteriormente, estava disponível em pontos estratégicos da cidade justamente para evitar esse tipo de gasto desnecessário — mas foi desativado.
Obtivemos acesso ao memorando enviado pela prefeitura aos agentes, comunicando que essa é a nova regra da Secretaria de Saúde. Cada supervisor de equipe deve indicar um agente para fazer o lançamento da produção mensal de toda a equipe. Quem recusar, recebe advertência. E tudo isso, sem direito a transporte nem alimentação pagos, o que fere diretamente as leis trabalhistas.
Outro ponto importante é que o edital do concurso feito pelos agentes estipulava que os profissionais seriam alocados em regiões próximas de onde residem, exatamente para evitar gastos e melhorar a cobertura de atendimento. Mas assim que a nova gestão assumiu, essa previsão foi desconsiderada.
Já denunciamos anteriormente que os agentes estão tendo que comprar seus próprios EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) porque a prefeitura não fornece absolutamente nada. Máscaras, luvas, protetor solar e até bolsas para carregar documentos estão sendo adquiridos pelos próprios trabalhadores.
Tentamos contato com a Secretaria de Saúde e com a Prefeitura de Belford Roxo para entender por que os gastos estão sendo repassados aos funcionários, mas não recebemos nenhuma resposta até o momento.
Vale lembrar que, de acordo com a legislação trabalhista vigente, os custos relacionados ao exercício do trabalho devem ser integralmente arcados pelo empregador, inclusive transporte, alimentação e equipamentos. A prática atual é ilegal e configura assédio institucional.
Seguimos acompanhando o caso e traremos novas atualizações em breve.
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