Enquanto o prefeito se dedica à campanha política, a cidade sofre com a fuga de profissionais em áreas essenciais como saúde e educação.
Belford Roxo enfrenta uma crise na contratação de profissionais para serviços essenciais. Enquanto o prefeito Marcio Canella segue em campanha para o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e seu irmão, Marcelo Canella, a cidade sofre com a escassez de mão de obra em diversos setores. Mas o que está afastando os profissionais dos cargos públicos no município?
Fizemos uma análise completa de todas as denúncias que recebemos para saber a causa desse problema.
A resposta é clara: salários muito abaixo do piso, condições precárias de trabalho e um ambiente marcado por opressão e sobrecarga. Desde janeiro, profissionais de diversas áreas denunciam a realidade insustentável enfrentada no município.
Os professores da rede municipal recebem pouco mais que um salário mínimo, valor muito abaixo do piso nacional da educação, que é de R$ 4.867,77 para uma jornada de 40 horas semanais. Mesmo aqueles que trabalham menos horas deveriam receber um valor proporcional, o que não acontece em Belford Roxo.
Além da desvalorização salarial, as unidades escolares sofrem com falta de recursos básicos. Não há folhas para imprimir atividades, materiais de trabalho são escassos e até a merenda escolar é insuficiente. Para completar o cenário caótico, denúncias apontam que um vereador estaria obrigando servidores de uma escola onde é padrinho a se filiarem ao seu partido sob ameaça de demissão.
Outra denúncia absurda envolve uma escola onde os funcionários são proibidos de usar o banheiro livremente. O sanitário permanece trancado com cadeado, e os funcionários só podem utilizá-lo com autorização da direção.
A crise se repete na saúde. Enfermeiros são obrigados a cumprir 40 horas semanais, mas não recebem nem metade do piso da enfermagem, que deveria ser de R$ 4.750,00. Curiosamente, em 2024, vereadores gravaram vídeos dizendo que estavam “do lado” dos enfermeiros, mas agora o assunto foi esquecido. Aparentemente, o apoio durou apenas até as eleições.
Os profissionais de enfermagem afirmam que o salário não mudou em relação à gestão anterior, mas que antes tinham mais liberdade para buscar outros empregos e complementar a renda. Agora, com a carga horária ampliada sem reajuste, isso se tornou impossível.
O argumento de falta de verba não se sustenta, já que os próprios vereadores afirmaram em 2024 que o governo federal repassa os valores para o pagamento do piso da enfermagem. O problema, segundo eles, é que a prefeitura não quer pagar.
A falta de profissionais na saúde também afeta os médicos e, aparentemente, pelo mesmo motivo: salário baixo e carga horária exaustiva, o que atrapalha pegar plantões em outros locais.
No Hospital Municipal de Belford Roxo, não há ortopedistas para atendimento regular. O serviço só está disponível um dia por semana, deixando a população desassistida em uma das áreas mais procuradas da medicina.
Com salários baixos, opressão política e condições precárias, os trabalhadores estão abandonando os cargos no município. Em uma tentativa desesperada de reverter o cenário, o prefeito lançou um concurso público. No entanto, resta a dúvida: será que os aprovados realmente serão contratados? Ou a crise na contratação de profissionais vai continuar?
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