Quadrilha fazia drogas sintéticas em favelas do Rio; PF prende 9 e busca 16 foragidos

PF desmantela quadrilha que produzia drogas sintéticas em favelas do Rio. Grupo usava empresa de fachada e distribuía por “mulas do tráfico”.

Uma organização criminosa de escala nacional, que produzia e distribuía drogas sintéticas em laboratórios clandestinos instalados em favelas do Rio de Janeiro, foi desarticulada esta semana após uma longa investigação da Polícia Federal (PF) em parceria com o Ministério Público do Estado (MPRJ).

O esquema, revelado em reportagem do Fantástico, envolvia produção caseira de drogas como MDMA e ecstasy, venda pela internet e envio para vários estados do país por meio de “mulas do tráfico”.

Nove pessoas foram presas e 16 seguem foragidas.

Vinicius Abade, chefe da quadrilha de produção de drogas ilícitas em laboratórios clandestinos nos complexos da Penha e do Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo

Produção em larga escala e fachada criminosa

O grupo atuava nas comunidades do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, onde mantinha laboratórios montados com autorização de facções criminosas, como o Comando Vermelho. Em troca da proteção dos traficantes locais, parte da produção era cedida ao tráfico varejista nas favelas.

O líder do esquema, segundo as investigações, é Vinicius da Silva Melo Abade, de 34 anos, apontado como chefe da organização batizada de Cartel Brasil. Ele foi preso em um apartamento na Zona Oeste do Rio, onde a PF apreendeu sete carros de luxo, insumos químicos e drogas já prontas para distribuição.

Empresa de fachada e compras suspeitas

A quadrilha operava sob a fachada da empresa “Perfumaria & Cosméticos Mendes JK Limitada”, cujo endereço registrado na Receita Federal é, na verdade, um posto de combustíveis na Zona Norte do Rio. Com CNPJ ativo, a empresa comprava substâncias como cafeína e efedrina, usadas na produção das drogas sintéticas.

Em uma única transação, foram adquiridos materiais suficientes para a produção de mais de 4 toneladas de drogas. As substâncias seriam destinadas a São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Roraima, Rondônia e Acre.

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Ostentação e mão de obra infantil

Segundo o delegado Samuel Escobar, a quadrilha ostentava jetskis, viagens internacionais e embarcações, enquanto mantinha crianças e trabalhadores informais na produção ilegal dentro dos morros.

“Além de pessoas contratadas informalmente para trabalhar na produção da droga, descobrimos que tinham crianças envolvidas nesse processo”, afirmou.

O patrimônio de Vinicius, segundo o MP, ultrapassa R$ 50 milhões, e o sequestro dos bens já foi solicitado à Justiça.

Drogas adulteradas e riscos à saúde

De acordo com a perita criminal Ana Luiza Oliveira, os laboratórios clandestinos eram “de fundo de quintal” e as drogas muitas vezes vinham misturadas com cetamina, fentanil ou outros adulterantes perigosos:

“É uma ilusão achar que todo comprimido tem a mesma composição. A droga pode ser fatal”, alertou.

Nomes dos envolvidos e situação judicial

Entre os presos também estão:

  • Matheus de Lima Viana, o “Matheusinho”, responsável por laboratórios no Complexo da Penha

  • Vinicius Abade, líder da quadrilha

  • Diego Bras, o “Fex”, e Rômulo César Ramos, o “Rato” – ambos foragidos

  • Outros integrantes identificados ainda não foram localizados

A operação expôs mais uma vez a fusão entre o tráfico tradicional e a produção de drogas sintéticas, um fenômeno em crescimento no Brasil.

O Portal de Bel está a disposição dos envolvidos caso queiram se manifestar

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