Salários pagos só a efetivos revoltam contratados

Contratados da educação denunciam falta de reajuste e não pagamento da dupla jornada

O pagamento dos salários dos profissionais da educação de Belford Roxo, referente ao mês de abril, foi realizado, mas mais uma vez escancarou a desigualdade entre concursados e contratados no município. Professores contratados continuam recebendo R$ 1.600,00 brutos, com salário líquido abaixo de R$ 1.500,00, sem qualquer tipo de reajuste.

Enquanto isso, os concursados receberam R$ 2.300,00, novo piso implementado pela prefeitura — que, inclusive, ainda está abaixo do piso nacional, como já denunciamos em matérias anteriores.

Profissionais da Educação junto com a secretária de Educação, Sheila Boechat. Foto: Reprodução

Atrasados de dezembro também foram pagos... mas não para todos

A prefeitura também iniciou o pagamento da primeira parcela do salário atrasado de dezembro de 2024, mas apenas para os efetivos. Contratados foram ignorados, apesar de também terem prestado serviço naquele mês, o que fere o princípio da isonomia e compromete os direitos trabalhistas desses profissionais.

Segundo denúncias recebidas pelo Portal de Bel, muitos contratados ainda não receberam o pagamento referente à dupla jornada (DJ), ou seja, quando o professor trabalha em dois turnos. Em diversos casos, apenas uma jornada foi paga.

FUNDEB já enviou mais de R$ 194 milhões

É importante destacar que, segundo dados do próprio portal do Governo Federal, o município de Belford Roxo já recebeu R$ 194.095.216,78 do FUNDEB apenas em 2025. Isso demonstra que há verba suficiente para aplicar reajustes salariais iguais a todos os servidores da educação e garantir o pagamento das DJs, mas a gestão optou por deixar os contratados de fora — novamente.

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Profissionais desmotivados e sobrecarregados

A política de diferenciação salarial e a ausência de pagamento adequado das jornadas vêm gerando desmotivação generalizada entre os profissionais da educação. Muitos já afirmam que estão procurando oportunidades em cidades vizinhas, onde os salários são mais justos e os direitos são respeitados.

Vale lembrar que, Belford Roxo é hoje um dos municípios com os piores salários da Baixada Fluminense para profissionais da educação.

O que diz a legislação?

Segundo a Constituição Federal e a CLT, todo trabalhador tem direito ao pagamento proporcional ao trabalho prestado. O não pagamento da DJ, por exemplo, viola o artigo 7º da Constituição, que assegura o direito ao salário proporcional à jornada.

Além disso, a exclusão de contratados do reajuste configura, no mínimo, violação ao princípio da isonomia, previsto também no artigo 5º da Constituição, que diz que “todos são iguais perante a lei”.

Conclusão: governo prioriza imagem e esquece a base

Enquanto o governo Canella investe pesado em publicidade, redes sociais e tapinhas nas costas de aliados, quem carrega a educação nas costas segue sem valorização, reconhecimento ou reajuste justo. A diferença de tratamento entre concursados e contratados é mais uma prova da falta de planejamento, respeito e compromisso com a educação de verdade.

A educação de Belford Roxo vive uma crise silenciosa, e quem paga o preço são os profissionais e os alunos.

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