Nísia Trindade denuncia campanha misógina ao deixar Ministério da Saúde

Primeira mulher a liderar a pasta, Nísia destaca desafios enfrentados durante sua gestão e alerta para a necessidade de combater o preconceito de gênero

Ex Ministra da Saúde Nísia Trindade - Foto Reprodução Internet

Nísia Trindade, a primeira mulher a ocupar o cargo de Ministra da Saúde no Brasil, anunciou sua saída da pasta nesta segunda-feira (10). Em seu discurso de despedida, Nísia revelou ter sido alvo de uma “campanha misógina e inaceitável” durante seu período à frente do ministério, ressaltando os desafios adicionais enfrentados por mulheres em posições de liderança.

Gestão marcada pela reconstrução do SUS

Durante sua gestão, iniciada em janeiro de 2023, Nísia Trindade focou na reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), que havia sofrido cortes significativos nos anos anteriores. Sob sua liderança, programas essenciais como o Mais Médicos e o Farmácia Popular foram retomados, ampliando o acesso à saúde para milhões de brasileiros. Além disso, houve um aumento na cobertura vacinal infantil, revertendo a tendência de queda observada nos anos anteriores.

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Transição no Ministério da Saúde

Com a saída de Nísia Trindade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou Alexandre Padilha, então ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, para assumir a pasta da Saúde. Padilha já ocupou o cargo entre 2011 e 2014, durante o governo de Dilma Rousseff, e foi responsável pela criação do programa Mais Médicos.

Em sua declaração, Nísia Trindade destacou que, além dos desafios inerentes à gestão da saúde pública, enfrentou uma campanha misógina que buscou deslegitimar seu trabalho pelo simples fato de ser mulher. Ela enfatizou a importância de reconhecer e combater o preconceito de gênero nas instituições públicas e privadas, para que outras mulheres não enfrentem as mesmas barreiras.

O legado de Nísia Trindade no Ministério da Saúde é marcado por uma gestão técnica e comprometida com a ampliação do acesso à saúde no Brasil. Sua saída levanta debates sobre a necessidade de fortalecer políticas de igualdade de gênero e garantir que mulheres em posições de liderança sejam respeitadas e valorizadas por suas competências, independentemente de seu gênero.